quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Terminou nesta quarta-feira (31) o julgamento de François Patrick Nogueira Gouveia, 21 anos, réu confesso do assassinato a facadas e esquartejamento, no dia 17 de agosto de 2016, dos tios e primos na Espanha. O crime chocou o Brasil e a Espanha, ficando conhecido como "crime de Pioz". O veredicto está previsto para sair na próxima sexta-feira.
As vítimas foram os brasileiros Marcos Campos Nogueira, 41 anos, a esposa dele, Janaína Santos Américo, 40, e os dois filhos do casal, Maria Carolina, 4 anos, e David, 1 ano.
"O julgamento foi muito tenso", disse Walfram Campos, tio de Patrick, que espera o veredicto sair na próxima sexta-feira. "Talvez a juíza já dê a prisão perpétua, prisão permanente revisável, se ela não der já a confirmação temos que esperar uma semana ou um pouco mais, para ela dar a definição, se é perpétua permanente revisável ou se ele será preso com problema mental", explicou. Walfram acredita que o veredicto será no sentido de que Patrick é culpado, já que ele é um réu confesso.  
O Ministério Público espanhol pede as penas de 20 anos de prisão para cada um dos assassinatos dos tios e prisão permanente revisável pelos homicídios das duas crianças. Para o Ministério Público, os crimes foram premeditados. Segundo Walfram, os advogados de acusação buscaram provar e convencer os jurados de que Patrick fez tudo de forma planejada "e que ele realmente não é uma pessoa com doença mental a ponto de não controlar suas impulsividades, ou seja, que agiu premeditadamente, que pode controlar, pode desistir e evitar a morte de todo mundo", afirmou o tio do réu, lembrando que após a morte de Janaíra e das crianças, Patrick teve três a quatro horas para desistir de matar Marcos, mas não o fez.  
Além disso, Walfram disse que Patrick passou um mês planejando o crime, comprando a faca, bolsas, a cinta de prender e as luvas, e não apresentou remorso, contou. 
A prisão permanente revisável é a pena máxima prevista no Código Penal espanhol e entrou em vigor em 2015. Representa o cumprimento de 25 a 35 anos de cárcere, e, após esse período, a condenação é revista.
O julgamento do brasileiro, realizado na Audiência Provincial de Guadalajara do Tribunal Superior de Justiça de Castilla-La Mancha, deve durar uma semana. No primeiro dia, o réu ficou algemado o tempo todo, o que não é comum na Espanha.
Patrick foi julgado por um júri popular formado por sete homens e duas mulheres. Ele prestou depoimento na tarde de hoje ao tribunal. 
O acusado pediu perdão a sua família e à família de Janaína, e disse que gostaria de ter evitado os assassinatos. "Sabia o que queria fazer, mas não como devia acontecer. Tinha a ideia fixa de que faria isso", declarou.
Ele alegou que teve uma infância difícil, que sofreu bullying na escola e que desde os 10 anos tinha problemas com álcool.
Patrick apontou também que a relação com Marcos se deteriorou porque, segundo ele, o tio lhe roubava dinheiro e ameaçava denunciar sua situação ilegal ao departamento de imigração.
Disse ainda que aceitaria tomar medicamentos para poder se controlar.
Para a promotoria, a declaração do réu foi conduzida pela defesa e há contradições com depoimentos que ele prestou na fase de inquérito.
Análise psicológica   
A defesa trabalha com a tese de que o réu teria uma anomalia cerebral ou alteração psíquica que o levaram a cometer o crime.
O Ministério Público, porém, afirmou que vai demonstrar durante o julgamento que Patrick não tem incapacidade mental e que o crime foi premeditado.
Nas alegações iniciais ao júri, na manhã de hoje, a promotora-chefe de Guadalajara, Rocío Rojo, classificou o réu como "psicopata sem remorso" e disse que este é um dos crimes mais "horripilantes" e "terríveis" que viu em sua carreira.
François Patrick Nogueira Gouveia se entregou na Espanha após um acordo entre sua defesa e a Guarda Civil. O acusado ocultou partes dos corpos em sacolas plásticas, que só foram encontradas por seguranças do condomínio um mês depois do crime, aponta o Ministério Público.
Dois dias após os corpos serem encontrados, Patrick fugiu para o Brasil. Com uma ordem de busca e captura internacional expedida contra ele, voltou à Espanha no dia 19 de outubro de 2016 para se entregar à Guarda Civil, responsável pelo inquérito.
A promotora lembrou também que Patrick debochou das vítimas em conversa por WhatsApp com um amigo no Brasil. O conteúdo das mensagens é uma das principais provas da acusação.

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