SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - O domingo de Carnaval (27) em Salvador foi marcado por ruas do centro histórico cheias, foliões fantasiados, espetáculo surpresa e até festa privada no pátio de uma igreja.
A suspensão do Carnaval de rua não foi suficiente para deixar parte dos foliões em casa. No Santo Antônio Além do Carmo, centro antigo da cidade, grupos de foliões fantasiados -a maioria sem usar máscaras de proteção contra a Covid-19- percorriam as ladeiras do bairro.
Espalhavam-se por bares, restaurantes, largos e praças em clima de Carnaval. Havia confetes e serpentinas jogados nas calçadas, e ambulantes vendiam adereços para quem quisesse encarcar o espírito carnavalesco.
No Pelourinho, grupos de turistas percorriam as ladeiras e lotavam bares, restaurantes e festas privadas. Não havia blocos nem bandas nas ruas, mas foliões percorriam as ruas com as indumentárias de blocos tradicionais como o Olodum, o Ilê Aiyê e os Filhos de Gandhy.
Um deles foi o músico Luciano Pereira, 35, que foi ao Pelourinho para prender o seu turbante do Filhos de Gandhy com uma das costureiras que trabalham nas proximidades da sede do bloco. De lá, iria para uma festa com amigos e a roupa do bloco seria a sua fantasia.
No sábado, houve registro de um bloquinho nos proximidades da Igreja do Passo. O bloco chamado Os Clandestinos percorreu as ruas do bairro já na madrugada de domingo (27) acompanhados de um grupo de percussão.
Procurada, a Prefeitura de Salvador não se posicionou sobre o bloco. Antes do período do Carnaval, a prefeitura havia informado que iria ampliar a fiscalização nas áreas que abrigam os circuitos do da festa na capital baiana.
Mas também houve ações culturais autorizadas pela prefeitura. Conhecida por abrigar encontros de trios elétricos no Carnaval, a região da Praça Castro Alves foi palco de um espetáculo surpresa na noite de domingo na janelas do edifício Sulacap.
Intitulada "Paredão Tropical", a apresentação promovida pela marca de cerveja Devassa teve participação de Carlinhos Brown, Gaby Amarantos, Xanddy, Lia de Itamaracá, Larissa Luz e os blocos Ilê Aiyê, Cortejo Afro e Didá. O espetáculo teve duração de 20 minutos e o local não foi divulgado previamente, para evitar aglomerações.
A ação teve como objetivo promover a música preta percussiva em um momento em que os principais blocos afros de Salvador estão há dois anos sem ir às ruas.
"São os blocos afros que promovem essa poesia, esse turbilhão e essa africanidade da música baiana. A nossa história é essa, somos responsáveis pela alegria da cidade", afirmou Veko Araújo, artista que é um dos símbolos do bloco do Cortejo Afro.
Também houve festas privadas em bairros que tradicionalmente fazem parte do circuito de Carnaval. Apesar do cancelamento da festa de rua, eventos privados com público de até 1.500 pessoas estão liberados nas cidades baianas.
Uma das festas aconteceu no pátio que fica nos fundos da Igreja de Santo Antônio Além do Carmo, área que pertence à paróquia e é alugado para eventos.
Foram realizadas festas de Carnaval no espaço neste sábado e domingo, a despeito das reclamações de parte dos fiéis. Os recursos arrecadados com o aluguel do espaço serão revertidos para a reforma do telhado da igreja.
O padre Ronaldo Marques, responsável pela paróquia, afirmou que as festas seguiram as normas e protocolos de saúde determinados pela Prefeitura de Salvador e governo do estado. Ele minimiza as reclamações dos fiéis.
"A festa não é dentro da igreja, não tem nada que possa causar blasfêmia. Pelo contrário, as pessoas respeitam. É claro que nem todo mundo fica satisfeito, mas tenho recebido mais elogios do que reclamações", afirma.
O pároco destacou que foram realizadas fiscalizações antes e durante a festa, sem a constatação de irregularidades. Ainda lamentou que a pandemia tenha obrigado a suspensão do Carnaval sem seu formato tradicional.
"Eu também venho curtir porque sou festeiro. Amo Carnaval, é minha festa predileta", diz o padre.
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